O Brasil que já fora colônia e império, hoje é
república. E inseridos em um processo histórico marcado por diversos contextos
políticos, econômicos e sociais próprios de cada época, nós, o Povo Brasileiro,
chegamos a uma data importante dentro do espectro em que vivemos e nos
identificamos como sociedade e nação. O hoje do ano de 2012, O 15 de Novembro,
o dia em que comemoramos a Proclamação da República Federativa do Brasil, que
ocorreu no ontem do ano de 1889, é dia que marcou nosso passado, mas que é atemporal
em atingir e determinar o nosso presente, e, com certeza, realizar ainda
definições para o nosso futuro. Mas de que maneira esta realidade nos atinge e
diferencia? O que significa viver num Estado Republicano? Qual a importância
deste dia na minha vida hoje? Ou seria apenas mais um “feriado nacional” em que
muitas vezes esquecemos até qual é, confundindo-o com outros do calendário que
formam a história oficial do meu e do seu país?
Interessante discorrer sobre este assunto, pois como um tema sugerido
pelo nosso amigo Pe. Bruno, fui “impelido” a pensar e refletir sobre esta
realidade importante, que se não fosse o ato de escrever neste momento e sobre
o momento, iria vivê-lo indiferente, apenas como mais um descanso qualquer, um
dia livre de responsabilidades de qualquer tipo. Assim sendo, comecei uma
pequena busca em estudo para responder as perguntas que nasceram e que agora
confrontam e norteiam esta reflexão.
No início da instigante busca, observei a necessidade de recorrer à
origem e contexto da palavra República. Sua etimologia advém da palavra latina res
publica, em uma tradução literal “coisa pública”, sua expressividade
vocabular e filosófica fora criada e utilizada pelos romanos para determinar a
diferença de formas de organização do poder após a exclusão dos reis. A partir
daí perdurou em dimensões profundas de sentido a noção de que a res publica
punha em relevo a coisa pública, a coisa do povo, o bem comum, o que é relativo
ao sentido de comunidade. Ou seja, buscando fazer um pequeno paralelo e
associação de conceitos, o Estado Republicano é aquele que fundamenta sua
organização e sentido de ação na força que emana de seus cidadãos, é a partir
destes que se origina e emana o real poder de um governo constituído. No caso
do nosso país, o processo de proclamação da república fora um rompimento com o
sistema monárquico de governo, que embasava o poder do império na
hereditariedade e na tradição, ou seja, Dom João que deixou Dom Pedro I, que
deixou Dom Pedro II. Eles, os imperadores, eram a lei máxima, e o que era dito
era feito, existia a época um parlamento representativo das elites econômicas
do império, mas que era assombrado pelo poder moderador.
Observando de perto este panorama histórico conceitual, pude apreender
algumas realidades que são próprias do meu tempo e do que sou convidado a
refletir. Já vemos as palavras povo e cidadão começarem a fazer certo sentido.
E a partir da proclamação da república até os dias de hoje, podemos notar um
deslocamento de forças políticas e sociais que buscavam (e buscam) uma
legitimação de seus governos a partir de instrumentos democráticos instituídos
de forma constituída através da lei, através de uma constituição. Vemos o
Estado Brasileiro nascer em suas Instituições:
governamentais/administrativas, legislativas, judiciárias e entidades civis
(aqui se encontra a atuação da Igreja); assumindo o desafio de lidar com as
diferenças de seu povo, onde várias vozes que não se ouviam antes passaram a
reivindicar seus interesses; as complexidades dos tempos globalizados começaram
a aparecer – a necessidade do diálogo aumentou; as carências estruturais ainda
persistem e a chegada de problemas contemporâneos (trabalho infantil e escravo,
exploração da mulher, desrespeito as liberdades e expressões religiosas,
educação, saúde, globalização, injustiça social aos excluídos, reforma
política, corrupção, economia global); a liberdade para todos é ideal que cresce
em processo lento de maturidade para a estabilidade sadia da sociedade; e o
voto é meio de escolher nossos representantes e governantes.
A nossa República tem apenas 123 anos de existência e muito já
aconteceu. Nestes dias votamos, nestes dias nos posicionamos como Igreja
Católica, nestes dias buscamos espaços no mercado de trabalho, nestes dias
estudamos em faculdades públicas, nestes dias ouvimos os pronunciamentos de
outros líderes republicanos de outros países, nestes dias tivemos acesso as
informações econômicas, políticas, sociais e culturais pelos meios de
comunicação de massa, nestes dias utilizamos a internet, nestes dias nos
divertimos no cinema, nestes dias viajamos para outro estado, etc. Portanto, O
15 de novembro é data que ecoa como fonte de renovação do nosso ânimo,
identidade e responsabilidade cidadã.
Eu e você somos filhos da República Federativa do Brasil. Celebremos e
pensemos o nosso país à luz de nossa própria história e através das
possibilidades que nos são oferecidas pela nossa cultura de fé em Cristo Jesus, através
da doutrina da Igreja. Interessante, que ser cristão rima com ser cidadão.
Muito ainda tem a ser feito.
Pense nisso!
Walisson Lopes
Brasília – DF
http://blog.cancaonova.com/padrebruno
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