domingo, 21 de novembro de 2010

Liberdade Interior:Parte III

É preciso que aprendamos novas formas de lidarmos com as possibilidades que nunca iremos realizar. Não é preciso ser o “n° 1” para ser feliz. Podemos ser felizes como números dois, três e até em último como nos coloca o Evangelho. Mas, a verdadeira liberdade não está em assumir um estado absoluto de indiferença com o que o rodeia, mas assumir que existem as faltas, assumir a sua quota de frustração que surge, assumir o que é com suas qualidades, aptidões, defeitos, e continuar sua vida. Não é a proposta de uma existência perfeita, mas a proposta de não se angustiar tanto com as possibilidades ainda não realizadas. 

    Algumas dessas possibilidades são apresentadas pela sociedade como necessidades do homem moderno. A despeito de serem ou não reais necessidades o seu peso é inegável. Contudo, cada cristão pode e deve fazer uso do seu juízo privado para não ser mais um arrastado pela maré. Assim, tocamos mais um ponto importante: a maturidade.
    Vale ressaltar que a liberdade é, ao mesmo tempo, condição e conseqüência de uma vida madura. Ao se falar de maturidade em um consagrado, o próprio termo “maturidade” nos traz problemas logo de cara. A palavra maturidade foi tomada emprestada pela psicologia do campo da botânica e das ciências biológicas. Assim, quando se pode facilmente perceber o processo de maturação de uma planta, por exemplo, isso se torna difícil quando da tentativa de se fazer isso no campo psicológico, dada a complexidade de cada indivíduo. Usar o desenvolvimento vegetal como metáfora para se aplicar ao desenvolvimento psicológico não é tão bom, uma vez que o desenvolvimento psicológico se dá muito mais como algo construído do que como algo que cresce. Por outro lado, a comparação com o desenvolvimento vegetal não é de todo errado, pois existem alguns componentes da forma de ser do indivíduo que se anunciam desde cedo e que vão se desenvolvendo com o tempo.
    Assim, quando analisamos o conceito de maturidade do ponto de vista psicológico, ele também se mostra escorregadio. A maturidade seria uma realidade onde apenas se pode aproximar-se dela sem que se consiga possuí-la de fato. Quem pode dizer com segurança que é uma pessoa totalmente madura ou que não existem alguns aspectos do seu ser que ainda carecem de maturação? Mesmo que a pessoa consiga se desenvolver bem em alguma área da sua vida ela sempre vai ter a possibilidade de ser um pouco melhor nessa mesma área.
    Em se tratando da vivência da maturidade do indivíduo dentro da comunidade algumas peculiaridades são interessantes. Parece ser fácil concordar que muitos aceitam que é preciso haver uma consonância entre a maturidade humana do indivíduo e sua maturidade vocacional ou espiritual. As duas vertentes, humana e espiritual, não crescem necessariamente no mesmo ritmo e isso pode trazer problemas no futuro. De alguma forma é necessário algum patamar de maturidade humana para que se confie nas opções e afirmações que o vocacionado faz ao longo do seu processo de consagração. Cabe aos formadores uma especial atenção para perceber que traços de maturidade são importantes para o vocacionado e que traços de maturidade não são tão perigosos. Além disso, também pesa o nível de consciência que o indivíduo tem de seus aspectos infantis e imaturos e de como ele lida com isso.
    Assim, a noção de maturidade não deve ser entendida como algo a ser conquistado de forma plena e após isso se pode gozar de uma tranqüilidade contínua. O processo de maturação é algo constante e sempre haverá uma espécie de tensão interna que por um lado nos traz desconfortos, mas por outro lado nos mobiliza para a ação. Essa ação muitas vezes acontece no sentido de ser uma resposta a alguma demanda da comunidade ou da Igreja, em um sentido mais amplo. Assim, a comunidade requer que seus membros possuam um determinado nível de maturidade, mas também oferece as condições para que essa maturidade se desenvolva.
    Dentro da comunidade não há uma separação radical entre o que se faz e o que se é. Não basta que uma atividade ocorra a contento. É preciso que o indivíduo que tenha desempenhado tal atividade possua uma vida coerente as propostas da comunidade. Esse caminho de configuração pessoal acerca dessa ética e de busca pela santidade incentiva o indivíduo a buscar um amadurecer no seu comportamento e bem como nas suas intenções, principalmente.

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