“A liberdade torna o homem responsável por seus atos a medida…
Após a conclusão de uma etapa em nossas vidas eis que surge algo que nos encaminha à etapa seguinte, ao próximo passo. Sempre há um próximo passo. Nenhuma etapa concluída fecha por completo questões como: “O que eu quero?” ou “O que fazer?”. E o fato de não ter tais respostas não é em si mesmo algo ruim, mas dependendo do ponto de vista talvez até salutar. A psicanálise possui como uma das realidades fundamentais de sua antropologia o fato de que em cada um de nós existe uma falta e que ela é na verdade algo que constitui a nossa subjetividade. Dentro de nós existe um desejo inalienável que nunca é preenchido totalmente e as tentativas de se burlar isso podem causar alguns prejuízos ao aparelho psíquico de um indivíduo.Esse buraco é mobilizante, pois essa falta gera desejo e esse desejo me impele a ação. Em um exemplo concreto, um cristão constata que não é plenamente santo (falta) e aspira por uma vida mais santa (desejo). Por conta disso ele resolve se dedicar com mais empenho à fidelidade na vida de oração (ação).
Se por um lado a importância da falta em cada um de nós é percebida com certa facilidade é bem verdade que nem tudo que é percebido é aceito de imediato pelo indivíduo. Constatar que existe uma falta dentro de nós, que certo buraco não se preenche pode gerar algumas saídas complicadas. Essa negação muitas vezes se dá de forma inconsciente e pode acarretar a tomada de decisões confusas e mesmo precipitadas. A inquietação pela falta impulsiona a pessoa a querer fazer algo para sanar o “problema”, levando-a a procurar alguma resolução que esteja nas suas possibilidades. E as possibilidades nos levam a uma questão chave aqui: a questão da liberdade.
Se por um lado a importância da falta em cada um de nós é percebida com certa facilidade é bem verdade que nem tudo que é percebido é aceito de imediato pelo indivíduo. Constatar que existe uma falta dentro de nós, que certo buraco não se preenche pode gerar algumas saídas complicadas. Essa negação muitas vezes se dá de forma inconsciente e pode acarretar a tomada de decisões confusas e mesmo precipitadas. A inquietação pela falta impulsiona a pessoa a querer fazer algo para sanar o “problema”, levando-a a procurar alguma resolução que esteja nas suas possibilidades. E as possibilidades nos levam a uma questão chave aqui: a questão da liberdade.
O Catecismo da Igreja Católica nos coloca a liberdade como “o poder, baseado na razão e na vontade, de agir ou não agir, de fazer isto ou aquilo, portanto de praticar atos deliberados.” Dessa definição proposta pela Igreja tem-se que a não-possibilidade de ação ou prática desses atos deliberados, como um distúrbio psíquico pode causar, constituiria uma falta de liberdade para a pessoa. Seriam ameaças à prática desses atos deliberados que poderiam ser considerados como entraves ao exercício da liberdade, mas isso se limitaria aí. Se me queixo de “falta de liberdade” em uma determinada comunidade religiosa, por exemplo, talvez não esteja consciente de que ingressar, continuar e permanecer nela são atos deliberados da minha pessoa. Se sou livre para não aceitar uma determinada realidade da comunidade, em contrapartida ela também é livre para não ser da forma que eu penso que ela deva ser. Assim, a noção de liberdade só é plena quando se for entendida nesse âmbito do individual e da possibilidade de se praticar esses atos deliberados.
Mas, disso surge uma outra questão: quais são as conseqüências disso tudo? E conseqüências em se tratando de liberdade nos remetem invariavelmente a responsabilidade e a imputabilidade que cada ato livre meu agrega a si. Ainda seguindo com o Catecismo tem-se que “a liberdade torna o homem responsável por seus atos, na medida em que forem voluntários.” É interessante prestar atenção que a própria Igreja destaca no seu texto a palavra “responsável”. Palavra essa esquecida em muitos ambientes, alguns deles bem perto de nós e outros deles estão mesmo dentro de nosso interior. Se a responsabilidade é imediata em relação à liberdade, pode-se inferir que o homem vai realizando atos deliberados ao longo de sua vida e que a responsabilidade oriunda desses atos aliada aos próprios atos vão constituindo a pessoa.
Seria interessante ver como algumas formas de pensamento tratam da questão da liberdade. Em seu Contrato Social, Rousseau afirma que “o homem nasceu livre e por toda a parte se encontra sob grilhões” . Ele afirma que o homem civilizado não é tão livre quanto o homem da natureza, seguindo a sua concepção do bom selvagem.
A liberdade é considerada como um dos valores mais fundamentais na concepção do homem contemporâneo. Algumas culturas, em especial as antigas, defendiam um ideal de liberdade, mas sempre em detrimento a culturas rivais ou mesmo estrangeiras, como exemplo disso pode-se citar a noção de liberdade dos gregos antigos em detrimento às nações bárbaras.
Em se tratando do cristianismo, pode-se falar que o ideal da liberdade é algo que deve ser abraçado por todos, sem exceção. É a partir daí que o conceito de liberdade se universaliza para além de noções políticas, alcançando todo o gênero humano. Assim, tem-se que a noção de liberdade do mundo contemporâneo deve suas origens ao cristianismo, mesmo que em muitos momentos esse mesmo mundo se contraponha ao próprio cristianismo. Dessa forma a liberdade ganha o estatuto de ponto central da cultura ocidental contemporânea.
Se o conceito de liberdade cristã é a origem da noção de liberdade da sociedade atual, então se faz necessário buscar estabelecer as origens dessa mesma idéia cristã da liberdade. Voltando ao relato bíblico da criação do gênero humano, fica fácil perceber que Deus criou o homem livre e nessa liberdade o homem pecou. “O homem, tentado pelo Diabo, deixou morrer em seu coração a confiança em seu Criador e, abusando de sua liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus.”
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